A Vinã Varela Zarranz se localiza em Joaquim Soarez, Canelones, km 29 da ruta 74, entre as rutas 6 e 8. Na entrada uma carreira dos dois lados de oliveiras centenárias, imensas que não dão mais frutos, mas são majestosas…
A curiosidade é que esta vinícola tem duas linhas de produção: Vinho de Mesa (90% da produção, 3.000.000 de garrafas e Vinhos Finos, 150.000 garrafas- linha VODU).
Tivemos a oportunidade de conhecer nesta vinícola as duas linhas de produção.
Logicamente, para a linha de produção de Vinho de Mesa, os equipamentos são rudimentares e a matéria prima direcionada são oriundas de parreiras de alta produção gerando vinhos simples, sem estrutura, sem extrato, mas que atende o consumidor que está iniciando neste mundo, (pelo menos no Uruguai).
A diferença entre Vinhos de Mesa e Vinhos Finos:
O termo Vinhos Finos somente pode ser inserido no rótulo da garrafa se forem elaborados a partir de castas da espécie Vitis Vinífera. Já os Vinhos de Mesa, (no Brasil, no rótulo aparece a palavra “suave”) podem ser elaborados com qualquer casta e até mesmo é permitido a adição de açúcar. No Brasil, geralmente utilizam-se castas não Vitis Viníferas, como a Isabel, Concord e Bordeaux, (chamados de vinhos de garrafão), não recomendados.
Já no Uruguai, o INAVI (Instituto Nacional do Vinho) proíbe está pratica e surgem alguns Vinhos de Mesa elaborados com uvas Vitis Vinífera (Tannat, Cabernet Sauvignon e outras francesas nobres), com preços incrivelmente baixos, em torno de R$10,00. Logicamente os vinhos são simples, leves, sem estrutura, mas que atendem a um público de baixo poder
aquisitivo.
A diferença se nota em todo o processo.
As uvas destinadas ao Vinho de Mesa geralmente vêm em caminhões (em uma lona grande) ou embalagens de grande
capacidade e são lançadas ao processo de fermentação sem uma separação manual das uvas verdes. Enquanto que as uvas destinadas à elaboração de Vinhos Finos são colhidas e trazidas para a cantina, em embalagens pequenas de plástico, (20
kg) para que não venham a ocorrer pré-fermentação.
Diferença de rendimento:
O rendimento (Kg de uva por hectare ou por planta) para a elaboraçao dos Vinhos Finos fica entre 2 a 15 kg e para os Vinhos de Mesa bem acima desta faixa.
A diferença continua no processo de fermentação. Para os de Vinhos de Mesa, maceração muito curta e embalagem
direta. Para os Vinhos Finos o mosto passa por uma pré-lavagem, separação manual dos cachos, das uvas verdes, podres, sujeiras e impurezas. Depois seguem para câmeras de refrigeração. Em seguida para os tanques onde ocorrerá a
fermentação com maceração longa. Após a decantação, clarificação e estabilização, o Vinho Fino passa ou não pelo barril de carvalho, contrário aos Vinhos de Mesa que nunca passam por barricas.
As diferenças continuam no processo de rotulagem, embalagens e rolhas. Geralmente os Vinhos de Mesa são
engarrafados em garrafas mais baratas ou em embalagem de papelão (“in box”). Já para os Vinhos Finos o cuidado é maior.
Este assunto é polêmico entre os enófilos e críticos de vinhos. Minha visão mudou após esta visita. Acho que a
proposta do Uruguai de elaborar Vinhos de Mesa com Vitis Vinífera é interessante. Acredito que as vinícolas brasileiras poderiam adotar esta estratégia. É um caminho para o iniciante começar a entender de vinhos e depois automaticamente ele passará a consumir Vinhos Finos. Poderia ser uma forma de aumentar o consumo específico no Brasil que é de somente 2 litros por pessoa durante o ano, (no Uruguai é 36).
Pernoitamos na vinícola e Natália fez uma comidinha simples, brasileira, (arroz, batata e bife).
Degustação dos Vinhos Finos:
01: Petit Grain Muscat 2011 – R$15,00
De cor amarelo claro, intensidade aromática média. No nariz; aromas de flores brancas. Na boca, leve amargor. Vinho para iniciantes ou para damas.
02:Tannat Roble Reserva 2009 –R$15,00
Cor rubi, pouco intensa, bem transparente. Proposta de vinho leve, sem compromisso. Para o dia a dia. Bom custo benefício.
03: Fusión Roble Reserva –R$ 50,00
A palavra fusión é usada para indicar corte ou “assemblage”
Este vinho dá um salto de qualidade. Boa intensidade aromática, com aromas de couro, de boa qualidade. Na boca, corpo leve, taninos macios. Um pouco caro para o mercado Uruguai.
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Maravilhosa reportagem… Vinícolas lindas de viver… tenho acompanhado tudo e éShow de bola poder compartilhar com amigos deste trabalho tão prazeroso…bjs Cacau