

No ponto mais frio do Brasil, à 6 km da cidade de São Joaquim, paralelo 28, uma imponente e charmosa vinícola da região de denominação de origem “Vinhos de altitude” surge na cabine confortável de nosso motor home. Lentamente ele atravessa o portão de entrada da Villa Francioni.
Vagarosamente atravessamos os dois lados do vinhedos bem cuidados, com telas protetoras contra chuvas de granizo. Fileiras de parreiras utilizando o sistema de condução e sustentação denominado espaldeira. Esse sistema permite racionalizar o volume de produção em relação à superfície foliar das plantas gerando baixos rendimentos (cachos de uvas por hectare), o qual permite a elaboração de vinhos diferenciados.
O foco dos vinhos produzidos pelo enólogo Orgalindo Bettu prima em busca da qualidade, em busca de expressar em seus vinhos a tipicidade desta região fria e de vinhos de altitude (cerca de 1300 m). São indiscutíveis as influências da altitude na qualidade das uvas e como resultado final os benefícios sobre a complexidade dos vinhos.
A Villa Francioni aproveita deste cenário tipicamente europeu para trabalhar as técnicas e a sensibilidade da filosofia vinícola de vinhedos de altitude e de vinícola de boutique ou de garagem, como gostam de expressar os críticos norte-americanos. Trata-se de um clima de montanha típico de locais frios, onde as baixas temperaturas do inverno conduzem a um crescimento vegetativo lento e tardio, deslocando o período de amadurecimento das uvas para final de março e início de abril. Este período é de baixo índice pluviométrico, dias ensolarados e temperaturas noturnas amenas que contribuem para a elaboração de vinhos aromáticos e complexos.
Este conjunto climático possibilita produzir frutos com maturação completa, sendo esta característica uma raridade no Brasil. O solo desta região é pobre, sem matéria orgânica, pedregoso, de perfil profundo e excelente drenagem, características que induzem as plantas a priorizarem a produção de frutos em detrimento do crescimento vegetativo.
Após a visitação das áreas de fermentação e amadurecimento dos vinhos uma degustação foi conduzida pelo enólogo Bettu.
Vinhos degustados:
01: Sauvignon Blanc-2010
A proposta é não passar no barril de carvalho, valorizando a jovialidade e frescor. Seus aromas não se extratificam com facilidade, características de climas mais frio, passando de um leve maracujá para outras frutas cítricas. A ideia é não seguir na tentativa de copiar os Sauvignon Blanc de outros países, mas deixar ele expressar a tipicidade do clima frio de São Joaquim. No nariz boa intensidade aromática. Na boca uma agulha (quase como mostrma os espumantes) ataca de maneira diferenciada as papilas gustativas. Esta agulha parece que é uma característica desta micro-região. Um Sauvignon de estilo europeu com tipicidade de vinhos de altitude. Um bom Sauvignon. Preço de varejo: R$ 62,00
02: Chardonnay Lote II –mescla 2008-2009
Um Chardonnay diferenciado, de cor amarela forte. Na boca apresenta uma mineralidade. Complexo e de bom corpo. Retrogosto longo. Um ótimo exemplar. Preço de varejo: R$65,00
03: Rosé
Um corte de 7 uvas para se fazer um Rosé, com maceração curta de 2 horas. Temperaturas baixas de fermentação mostrando aromas delicados. Engarrafado em uma garrafa importada da França de grande estilo.
04: Joaquim 2008
Um corte de Cabernet Sauvignon e Merlot para o dia a dia, bem elaborado. Aromas de frutas vermelhas, sem muita complexidade, retrogosto médio. Macio e equilibrado, boa acidez. Vinho para o dia a dia. Preço de varejo: R$52,00
05: Francesco 2006
Um corte de Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Malbec e Syrah. A proporção de Merlot é a maior com 38%. Aromas de defumados, complexo, retrogosto longo. Macio e equilibrado, boa acidez. Muito bom.
06: Villa Francioni
Um Corte semelhante ao vinho no 5 mas com a proporção do Cabernet Sauvingon em sua maior parte, com 65%. Cor acastanhada, mostrando sua evolução. No nariz aromas de defumados. Taninos presentes e maduros. Um bom vinho
07: Michelli 2005
Um corte diferente: Merlot, Cabernet Sauvignon e a italiana Sangiovese. Um supertoscano ou melhor um Super Joauiniense, um fora da lei. Grande vinho que mostra a excelente adaptabilidade desta casta italiana, nesta vinícola. Um vinho diferenciado. Preço devarejo: R$180,00
08: Michelli 2006
No mesmo nível do vinho anterior, fechando a degustação em alto estilo.
Pernoitando no pátio da vinicola Villa Francioni, noite enluarada, paz, tranquilidade…
6 Comentários. Deixe novo
Ola Horácio e Filhos.
Belas fotos, lindos lugares. O aperitivo está ótimo.
Na foto senti o buquê do vinho, você está muito parecido com o seu pai.
Que tudo corra muito bem com este trio da pesada.
Pedro,
já vi, pelas primeiras fotos, que será um imenso prazer entrar no site e ver estas fotos maravilhosamente bem tiradas!
Sobre vinho eu não entendo e nem bebo, mas de boa fotografia eu tenho a sensibilidade e curto muitíssimo!!
Não perderei nenhuma….
Beijinhos,
Tia Márcia
O Sul do Brasil é muito lindo… as fotos mostram essa maravilha, paisagem aliada aos vinhedos da Villa Francioni.
Parabéns
Gostei muito das fotos e do texto, bem explicativo e interessante. Deu vontade de conhecer o lugar, a gente aqui no sudeste nem lembra desse Brasil!!
Beijos.
Boa viagem sempre!!
Hoje, 25/jan, foi a primeira visita ao site, o que me impressionou.Parabéns. Irei acompanhar semanalamente.
Sou um pequeno produtor de vinho artesanal (uvas de mesa-500 l/ano),no Distrito de Marcílio Dias,Canoinhas-SC.
Produzo meus próprios enxertos.Este ano vou iniciar com alguns pés da variedade Moscato Poloski, já com enxertos prontos planejo trabalhar em “Y” e protegido, pois a região não é de grande altitude e apresenta alto índice de umidade.
Abraços.
Mário Cesar
Obrigado por ter impressionado com o nosso site. Realmente estamos procurando fazer um trabalho diferente de todos os blogs e sites. Temos um fotografo profissional e outro para as filmagens e eu especialista em vinhos. Nossa proposta é misturar com enoturismo-aventura e escrever de forma para os jovens começarem a perceber o lado simples do vinho.