Do Vale do Maule partimos para visitar a vinícola Valdivieso, localizada na região do Valle de Maipo, próxima a Lontué.
Ela é conhecida no Chile como grande produtora de espumantes, com 90% de “market share” deste tipo de vinho. Além, ela possui uma ampla faixa de brancos e tintos. Sua produção é de 800.000 caixas de vinhos.
Fomos recebidos pelo enólogo neozelandês, Christopher Vianco. Após fazer uma degustação de prova nos tanques de fermentação e barricas degustamos os seguinte vinhos:
o1: Single Vineyard Pinot Noir 2009
De cor rubi clara. Aromas de cassis de pouca intensidade. Na boca está macio. Vinho para o dia a dia. Bem elaborado.
o2: Merlot Sagrada Família 2009
De cor violeta, ótima viscosidade, comprovada pelo corpo do vinho na boca. Bem balanceado. Acidez boa que aporta frescor a este bom Merlot.
o3: Cabernet Franc 2009 – Sagrada Família
Este vinho me entusiasmou. Macio, aveludado. Aromas de especiarias. Longa persistência. Muito bom.
o4: Syrah – Limari
Um Syrah que lembra os vinhos do norte do Loire, França. Apresenta-se fortemente apimentado, reforçando uma das principais características desta casta. Ótimo vinho.
o5: Carmenère Peumo
Vermelho rubi. Na boca aromas leves de tabaco. Na boca está macio, maduro. De boa persistência. Um vinho elegante.
06: Malbec 2009
Este vinho foi elaborado com uvas de videiras com mais de 50 anos, gerando um Malbec de elevada intensidade aromática, puxando para floral. Grande corpo. Ótima viscosidade. Bom final de boca.
07: Cabernet Sauvigon 2009
Este vinho vem de uvas de Maipo, zona clássica para esta casta. De cor violeta. Opaco, quase negro. No nariz ainda estava fechado. Na boca; bom ataque, bom volume. Taninos macios.
o8: Eclat 2008
Este vinho é um corte bem diferente do que existe no Chile: Carignan, Mouvédre e Syrah. A Carignan entra para aportar acidez, que se mostrou viva e a Molvédre para ataque de frutas e frescor e dar volume de boca. O Syrah entra com seus tradicionais aromas de pimenta. O vinho é muito bom, com alta intensidade aromática, volumoso, harmônico. Longa persistência.
Este vinho faz parte do projeto VIGNO, associação que está tentando resgatar a casta Carignan no Chile.
o9: Caballo Loco n. 13
Chegou a cavalo este famoso e emblemático vinho da Valdivieso, procurado e elogiado por muitos críticos e enófilos. É a expressão máxima desta vinicola. Grande corpo que enche a boca de taninos elegantes, bem domados. Persistência longa. Vinho excepcional.
Cavallo Loco é a grande expressão da Valdivieso e diferentemente de tudo, não traz no rótulo referências do ano e tampouco das uvas da composição. É resultado de uma “alquimia”, em virtude da inusitada mistura de vinhos de diversas cepas, safras e locais de cultivo, iniciada nos anos 90 e comandada pelo diretor da vinícola Jorge Coderch, conhecido entre os funcionários como “Caballo Loco”, que emprestou seu apelido ao vinho.
Na época, havia na Valdivieso várias barricas cheias de vinhos de qualidade superior estocados, das variedades Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot e Malbec, de safras compreendidas entre 1990 e 1993, porém em quantidades insuficientes para uma linha varietal Premium. Assim, a vinícola resolveu criar um tinto ultra-premium a partir da mistura desses vinhos, nascendo o Caballo Loco.
Metade do que havia nessas barricas foi utilizado e engarrafado para o Caballo Loco número 1, lançado em 1994, sendo a outra metade do vinho foi reservada e misturada com os vinhos para a elaboração do Caballo Loco número 2. Metade do número 2 foi reservado e recebeu uma nova mistura, gerando o número 3, e assim por diante. “Por conta dessa mistura de diversos vinhos de diferentes safras, a Valdivieso decidiu numerar as edições do Caballo Loco, sem especificar o ano e os percentuais de cada casta utlilizada na elaboração de cada Cavallo Loco.
A certeza é que a cada nova edição deste vinho cerca de 50% da anterior se soma ao corte de colheitas subsequentes, com o propósito de incrementar cada vez mais seu blend e, ao mesmo tempo, possibilitando que todo Caballo Loco sempre carregue em seu DNA ao menos uma pequena fração da mistura inaugural.