Após uma boa arrancada da região vinícola de Beaujolais atingimos a cidade medieval de Avignon, importante ponto turístico e patrimônio histórico da humanidade.




Seu centro histórico é uma volta ao passado, onde os papas Bento XII e Clément VI edificaram muralhas e um castelo papal (Palais des Papes) onde viveram durante o período de 1309 a 1377.

À medida que o poder real foi se fortalecendo na França surgiram conflitos com a Igreja Católica Romana. Durante o reinado de Filipe IV de França, ocorreram divergências entre este e o papa Bonifácio VIII, em virtude de o papa não permitir que o rei francês cobrasse impostos da igreja francesa. O rei Filipe IV conseguiu colocar um francês como sucessor de Bonifácio VII, que adotou o nome de Clemente V. Em virtude deste fato, o novo papa foi “obrigado” a transferir o papado de Roma para Avignon, dando origem a uma sequência de papas franceses na dinastia católica.

Em 1377 a residência do papa foi transferida de volta para Roma por Gregório XI, que faleceu um ano depois, enquanto um papa rival era eleito em Avignon criando facções dentro da Igreja Católica. O Concílio de Constança, em 1414 resolveu finalmente esta controvérsia, desmantelando os últimos vestígios do papado de Avignon.

Como legado, as edificações (muralhas e o castelo papal) estão bem conservadas para os milhares de turistas, inclusive nós que fizemos um tour espetacular pelos aposentos papais (capelas, sala de vestimento, sala de tesouraria, cozinha, sacristia, galeria de conclaves, etc).
Em alusão ao fato, foi criado o famoso vinho Châteauneuf du Pape que significa “o novo castelo do Papa”.


O vinho Châteauneuf du Pape:
A grande magia deste vinho é a sua assemblage, (corte de 13 uvas), uma verdadeira alquimia. Como figurante principal e usada em maior proporção no corte, é a tinta Grenache, seguida pelas tintas Syrah, Mouvèdre, Muscardin, Counoise, Clairette, Cinsault, Vaccarèse, Terret Noir, Picardan e Pic Poul. Bourboulenc e Roussane (uvas brancas). Os vinhedos com estas grandes variedades de uvas também tem uma interessante característica: são cobertos de pedras grandes, arredondadas que armazenam o calor diurno e libera-o para as uvas durante as noites frias.

Degustação no Château Beaucastel


Fomos recebidos por Richard e pelo Sr. Perrin e sua esposa Isabel Cristina Sued. Foi uma surpresa saber que está no comando de uma vinícola do Sul do Rhône (perto de Avignon) uma brasileira; filha do famoso, colunista social Ibrain Sued, que causou polêmicas com as suas listas das “Dez mais”: as dez mais belas mulheres, as dez mais elegantes e as dez melhores anfitriãs da sociedade carioca. A sua coluna passou a ser lida por todas as camadas sociais a partir do final da década de 1950.
Conversamos muitos sobre seu pai e ela confidenciou que está em fase final de elaboração de um filme (em formato de documentário) contando a sua história do seu pai, “Ibrahim Sued, o repórter”.

Apos conhecermos as dependencias da vinicola e ate esperimentarmos uma uva no vinhedo, fomos para a degustacao.


Esta vinícola tem alta reputação no mercado mundial com os seus vinhos Châteauneuf du Pape, gerados em seus 70 hectares de vinhedos.


Um fato diferencial, é o tratamento do mosto a 70 graus Celsius durante somente um minuto com o obejtivo de destruir as enzimas responsáveis pelo início de oxidação do mosto, objetivando diminuir a quantidade de sulfito injetada.
Fizemos uma degustação vertical de quatro espetaculares tintos Châteauneuf du Pape e 3 brancos.

01: Corte de Roussane (80%) com 15 % de Grenache Blanc e 5% de Clarett e Pique Poul Blanc –2012 – 65 Euros
Um vinho de cor amarelo dourado de alta viscosidade e alta intensidade aromática, remetendo a mel de excelente qualidade. Na boca, grande corpo, untuoso, e uma ótima acidez. Retrogosto longo. Muito bom. 89 pontos.
02: Varietal de Roussane – 2011 – 90 Euros
Com um produção de somente 4.000 garrafas de parreiras velhas, (90 anos), que gera rendimento muito baixo e consequentemente um vinho especial de cor amarelo dourado. Muito viscoso. No nariz aromas de alta intensidade rementendo à damasco. Na boca de grande corpo, macio, aveludado, complexo. Retrogosto longo. Excelente. 91 pontos.
03: Châteauneufdu Pape 2010- 60 Euros
Este tinto emcorte de Mouvèdre, Grenache, Coue Noir, Syrah e Cinsault se apresentou de cor violeta, brilhante. Muito viscoso. Aromas de excelente qualidade e intensos sobressaíndo aromas de doce de caramelo. Na boca, taninos presentes e que necessitam de mais alguns anos para serem domados, pois o vinho é muito novo. Muito bom. 86 pontos
04: Châteauneuf du Pape 2005- 80 Euros
Este vinho necessita de ser aberto cerca de 10 horas antes da degustação para mostrar todo o seu potencial. E mostrou. De cor violeta ainda brilhante apesar dos 7 anos de vida. Alta viscosidade. Um nariz com alta complexidade hora mostrando couro, hora chocolate e defumados. Na boca, de grande corpo. Taninos já domados, maduros. Macio, elegante. Vinho excelente. 92 pontos.
05: Châteauneuf du Pape 2000- 80 Euros
Este vinho com 12 anos de vida se mostrou de cor granada, com um certo brilho. Alta viscosidade. No nariz alta intensidade aromática sobressaíndo aromas de terra úmida, (floresta), grande complexidade. Na boca carnudo. Retrogosto longo. Vinho excelente 93 pontos.
06: Châteauneuf du Pape 1995- 60 Euros
Como é bom e interessante realizar degustação vertical, para comparar a evolução e as diferenças marcantes entre eles. Esse tinto com 17 anos de vida se apresentou com cor âmbar para marrom e ainda brilhante. Alta viscosidade. Um nariz complexo passando pelo couro, especiarias e defumados. Na boca, macio, aveludado, complexo, equilibrado. Maravilhoso. Vinho excepcional. 96 pontos.







