Engana-se quem acha que os vinhos finos brasileiros são produzidos apenas no Rio Grande do Sul ou no Vale do São Francisco. Santa Catarina também vem surpreendendo com a produção de vinhos finos. Os vinhedos gravitam em torno de São Joaquim, Campos Novos e Caçador, com 500 hectares de vinhedos gerando mais de 150 rótulos, distribuídos entre as 35 vinícolas. É uma das mais recentes e promissoras regiões produtoras de vinhos do Brasil. A sua produção é pequena (Rio Grande do Sul é responsável por 80% da produção).
A viticultura:
A viticultura em Santa Catarina é ainda muito jovem. O primeiro empreendimento iniciou-se em 1999, em São Joaquim e as primeiras garrafas de vinhos finos foram abertas em 2003.
Os principais vinhedos foram plantados em altitudes variando de 900 a 1400 metros criando um terroir diferenciado, que conduziram o “marketing” dos produtores desta região de denominar os vinhos do Planalto de Santa Catarina com “Vinhos de Altitude”.
A teoria da viticultura diz que a altitude elevada, na latitude de 280 (caso de Santa Catarina) exerce influência direta sob as condições climáticas proporcionando um deslocamento de todo o ciclo produtivo da videira, alterando os meses de brotamento e amadurecimento dos frutos.
Particularmente, existe uma tendência de madureza mais lenta das uvas beneficiando especialmente a uva Cabernet Sauvignon que poderia conseguir sua completa madureza fenólica, em meados de abril, mas tardia que a colheita do Rio Grande do Sul. Interessante este mundo do vinho. Eu disse poderia. Esta era a aposta dos primeiros viticultores de Santa Catarina e muito Cabernet foi plantado e atualmente a área destinada a esta casta está diminuído, pois na prática ela não se deu bem nesta faixa de altitude. Resultados práticos demonstram que a Pinot Noir e outras castas italianas e portuguesas se adaptaram melhor.
O Planalto Catarinense é uma das regiões mais frias do Brasil. Aliado a isto e a altitude dos vinhedos, onde a temperatura cai 0,5oC a cada 100 metros beneficia o período de desabrochar das gemas até o amadurecimento lento e completo dos frutos. Então, as uvas amadurecem lenta e plenamente, em virtude de verões amenos com noites frias, deslocando o período da colheita para abril e maio (na Serra Gaúcha – janeiro e fevereiro) onde a incidência de chuvas é reduzida, dias ensolarados e noites amenas, aportando a elas bom teor de açúcar. Além, o lento amadurecimento permite a preservação dos ácidos naturais e a formação plena de polifenóis, garantindo aos seus vinhos maior longevidade e bom desenvolvimento de seus aromas e sabores.
Esta lentidão do crescimento vegetativo e amadurecimento podem conduzir a estilos de vinhos com tipicidade, denominando de “vinhos de altitude”. Isto cria uma diferenciação dos vinhos produzidos no Planalto de Santa Catarina se comparados com os vinhos da Serra Gaúcha, do Vale do São Francisco e do Sul de Minas. Assim é beleza do mundo do vinho. Cada terroir proporciona estilos e tipicidades diversas em seus vinhos.
As regiões de altitude de Santa Catarina (vinhedos entre 900 a 1400m) estão expostas, ao mesmo problema da vitivinicultura do sul do Brasil: o elevado índice de chuvas entre os meses de janeiro e março, período de madureza. No entanto, o clima mais frio das altitudes de Santa Catarina retarda o ciclo da videira. Em São Joaquim, por exemplo, a temperatura média anual registrada nos últimos 20 anos foi 12,7 graus C. Isso faz grande diferença e é um ponto importante, que favorece a vitivinicultura de altitudes.
As uvas:
As principais uvas plantadas em Santa Catariana são as francesas: Cabernet Sauvignon (dominante), Merlot, Pinot Noir (tintas) e as brancas: Sauvignon Blanc e Chardonnay. Minha aposta cai sobre os frescos vinhos brancos elaborados com a Sauvignon Blanc. Outras variedades também estão surgindo como as italianas Sangiovese, Montepulciano, Nero d’Avola e as portuguesas Touriga Nacional, Tinta Roriz e Trincadeira.
O futuro da viticultura de altitude de Santa Catarina virá com o passar do tempo… Os viticultores locais ainda tem muita estrada para percorrer, mas a tipicidade dos vinhos de altitude já é uma grande ferramenta de marketing, ajudando a apresentar ao Brasil estilos diferentes das tradicionais regiões vinícolas. Assim é o mundo do vinho….
Segue dicas de alguns bons vinhos de Santa Catarina:
Os brancos elaborados com a uva Sauvignon Blanc das vinícolas Villaggio Bassetti, Kranz, Suzin e Quinta da Neve. O Plume Chardonnay da Pericó e o Chardonnay da Villagio Grando. O Merlot da Kranz. O Minerato da Pericó. Os tintos: São Joaquim, Francesco e o Michelli da Villa Francioni. Não deixem de degustar o espumante brut da Pericó.
Motorhome da Wine World Adventure visitando a vinícola Villa Francioni.