Sauternes, sub-região ao sul de Bordeaux, possui vinhedos que geram um néctar dos deuses: o melhor e mais espetacular vinho de sobremesa do mundo. De tão bom e diferenciado, também pode ser servido como entrada com um Foie Gras, em harmonização por contraste.
Sauternes e Barsac são duas denominações vizinhas ao sul de Bordeaux, onde um micro-clima enevoado especial e diferente, permite o surgimento do fungo nobre, o “Botrytis Cinerea”, fator fundamental para a produção deste vinho. Esta condição climática especial e diferenciada é proporcionada por tardes quentes de sol e com neblina matinal, gerada pela congruência do rio Cirons (mais frio), com o quente rio Garonne, que criam condições especiais para o surgimento deste fungo nobre.
As uvas que porventura venham a ser atacadas pelo Botrytis, simplesmente sofrem um processo de desidratação e secam completamente, restando um suco de alta concentração de açúcar que vai gerar o vinho de sobremesa.
As variedades utilizadas são a Semillon, a Muscadelle e a Sauvignon Blanc, que são vinificadas separadamente e a porcentagem da assemblage é definida de acordo com cada château. Em geral a Sémillon é a cepa principal, seguida pela Sauvignon Blanc e após pela Muscadelle. Entretanto, algumas vinícolas fogem deste corte e fazem Sauternes varietal com somente Sémillon.
A grande estrela de Sauternes é o Château d’Yquem, (Grand Premier Cru Classé), considerado o melhor vinho branco de sobremesa do mundo, que tive a oportunidade de degustar em um pequeno bistrô da cidade de Sauternes.
Harmonizando por contraste, um vinho de sobremesa com um canard.
A região tem uma área de 1.800 hectares, e produz 4,5 milhões de garrafas, e faz parte da AOC – Sauternes, que exige um rendimento máximo de 25 hectolitros por hectare, embora a maioria das vinícolas apresentem vinhos com rendimento inferior, em torno de 18 hectolitros por hectare.
A colheita é trabalhosa. Ela é realizada com várias passagens (cerca de 12, durante 3 semanas), pelos homens colhedores de uvas que a cada dia colhem somente as “botritizadas”. E a cada passagem (colheita), é realizada uma vinificação chamada de “vinificação por parcelas”, e cada mosto é estocado em barricas, numeradas de acordo com cada passagem. Depois, cada parcela é vinificada em separado e em seguida é realizada a “assemblage” (mistura de vinhos de cada parcela).
Degustação no Château Climens:
Este Château é classificado como Premier Grand Cru Classé, que representa com galhardia os vinhos de Barsac.
Diferentemente da maioria dos produtores de vinhos de sobremesa (Sauternes) os vinhos destavinícola comandada pela família Lurton são elaborados somente com a castaSémillon, logicamente atacada pelo fungo “Botrytis”, em seus vinhedos de 30 hectares, gerando 40.000 garrafas por ano, com rendimento baixo em torno de 18 hectrolitros por hectare. O cuidado em apresentar a cada ano somente vinhos de alta qualidade é grande. Somente em safras excepcionais é engarrafado a colheita (nas safras de 84/87/92 e 93 não foi produzido nenhuma gota).
Degustaçao na Clemens:
01: Cypres de Clemens – Barsac – 2009 – 45 Euros
De cor amarelo dourado, claro. Alta viscosidade, (um xarope). Lágrimas persistentes e longas. Aromas intensos de mel. Na boca, macio, grande corpo, doçura e acidez bem posicionada Um . vinho espetacular para ocasiões especiais. Retrogosto longo. Excelente. 94 pontos.
02: Château Climens Premier Cru – 2005 – 139 Euros
Salto no preço e salto na qualidade. Um grande Sauternes de cor amarelo dourado, forte. Alta viscosidade, (um mel). Lágrimas que resistem a queda quando a taça está na vertical. A grande diferença se comparado com o vinho anterior é de que os aromas do vinho 01 são planos, remetendo a uma grande carga de mel. Este, por sua vez os aromas de mel são mais delicados, estão como fundo de plano sem encobrir outros aromas complexos de compota de abacaxi, terminando com aromas deliciosos de amêndoas. Depois os aromas se transformam para o grupo de frutas secas, damasco. Na boca, um néctar, grande corpo. Macio, aveludado, mágico, maravilhoso. Alta complexidade. Longa persistência gustativa. Vinho excepcional. 98 pontos.Um dos melhores vinhos de sobremesa que tive a oportunidade de degustar.
03: Château Climens Premier Cru – 2008
Amarelo dourado, mais claro do que o anterior, justificado pela idade de 4 anos. Mesma viscosidade. Entretanto, no nariz este apresenta mais frescor e muita mineralidade. Aromas delicados, finos e de qualidade excepcional. Na boca, segue o mesmo padrão do vinho anterior. Vinho excepcional. 98 pontos.