Após descanso no Caming próximo ao vulcão Pucon partimos para iniciar visitas as vinícolas do Valle del Maupe, que fica ao sul do Valle del Curicó, próximo a cidade de Talca. Está rodeado pela cordilheira dos Andes e pela cordilheira da Costa, divide-se em três-sub-vales: Claro, Leoncomilla e Tutivén, destacando-se as regiões de Talca, Pencahue, San Clemente, San Javier, Villa Alegre, Parral e Cauquenes.
Nos últimos tempos muitas mudas da casta País foram substituídas pelas castas nobres, Cabernet Sauvignon e Merlot. . A uva rústica País ainda está sendo mantida em vários setores, particularmente na zona de Cauquenes. Muitos viticultores principalmente do sul do vale fazem vinhos voltados mais para o mercado interno, que são considerados mais rústicos.
O clima do Vale do Maule se apresenta como mediterrâneo seco, com estações bem definidas. As chuvas estão concentradas no inverno e desaparecem no verão. Sua oscilação térmica dia/noite é de 180C. O interessante é que o índice pluviométrico é muito baixo, com necessidade de gotejamento. Mas está ocorrendo uma tendência a deixar a planta sofrer ainda mais para mostrar a tipicidade desta zona muito seca. Muitos enólogos estão desligando as mangueiras projetadas para a irrigação por gotejamento deixando a Deus dará.
Bodega J. Bouchon:
Uma vinicola de expressão da região do Maule, cujos vinhos são conhecidos dos minérios através da importação do Verde Mar, (antes era pela Casa do Porto).
Fomos recebidos pelo filho do proprietário Julio Bouchon, com mesmo nome do pai. Uma simpatia de pessoa. Chegamos domingo quase ao apagar das luzes. Estávamos buscando um lugar seguro para dormir no motorhome. Porém a estrada marginal, que liga a ruta 5 a Constituición não tinha nenhum posto de combustível. Então arriscamos e entramos até a cancela fechada com cadeado, próximo à vinícola. Um homem gentilmente tomou providencias e ligou para a vinícola e falou com o Julio, que liberou nossa entrada. Como estava previsto a chegadas de vários caminhões com uvas, Julio nos orientou para dormir na estrada do aeroporto ao lado da vinícola. Incrível, a cada dia uma nova situação e lugares não programados para dormir se torna uma noite especial. Mais especial ainda se tornou pelo presente de uma garrafa de um Rosé desta vinícola, que apreciamos em um belo por do sol, ao lado da pista do aeroporto, com pista de terra batida.
A capacidade da vinicola é de 250.000 caixas de vinhos por ano, com três linhas de produtos para os tintos: Mingre, La Merceds e Chicureo. Nos vinhedos, as brancas Sauvignon Blanc e Chardonnay. Tintas: Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Petit Verdot, Maubec, Syrah e a Carignan. O rendimento médio está em torno de 3 toneladas por hectare com as videiras conduzidas pelo sistema de Espaldeiras, todas em pé-franco, (sem enxertia). Muitas parreiras são centenárias.
Despertamos às 9 horas e estacionamos o motorhome na vinicola. Percorremos os vinhedos e um almoço com pastel (torta) de Choclo que harmonizou bem com os três vinhos servidos.
Degustação:
o1: J. Bouchon Sauvignon Blanc – Reserva 2011
Servido antes da entrada este Sauvignon Blanc se apresentou com cor amarelo claro, alta viscosidade, aromas intensos de maracujá, muita fruta. Na boca, ótima acidez, equilibrado e de longa persistência gustativa.
o2: J. Bouchon Carmenèré Reserva Especial 2010
De cor violeta, claro, boa viscosidade. No nariz, um pouco fechado. Vinho ainda muito novo que com o passar de alguns anos tem potencial para mostrar algo.
o3: J. Bouchon Malbec Reserva Especial 2010
Um Malbec de estilo, voltado para a elegância e frescor, de pouca estrutura, (extrato), pouca madeira com proposta frutal.
1 Comentário. Deixe novo
Parabéns pela viagem enológica, estamos acompanhando esta maravilha de rota e de vinhos pelo mundo….gostaria de estar nesta empreitada.