Este nome foi escolhido porque em uma mesma micro-região existem cinco vinícolas com sete proprietários, em uma área comum de 850 hectares. Cada vinícola ( Monteviejo, Cuvelier de Los Andes, Diamandes de Los Andes, Flecha de Los Andes e a vinicola de Michel Rolland) elabora os seus vinhos. Entretanto o vinho Clos de Los Siete é elaborado em um corte de cinco vinhos oriundos de cada propriedade, sob o comando de Michel Rolland (que é o sétimo sócio), em uma proposta inovadora.
A ideia é interessante, pois 50% do que é extraído de cada vinhedo é destinado a elaborar a linha Clos de Los Siete.
Detalhe da micro-região e divisão com as parcelas:
O projeto idealizado por Michel Rolland de Clos de Los Siete teve início em 1998, junto com seis sócios franceses e a proposta foi de mostrar o potencial da Malbec argentina ao mundo, dando suas assinaturas internacionais. Este projeto se torna mais importante, pois levar a assinatura de Michel Rolland, o “winemarker” francês mais famoso do mundo. A proprietária da Monteviejo é a francesa. Catherine Péré Vergé. Os proprietários da Cuvelier de Los Andes são: Jean-Guy Cuvelier e seu primo Bertrand, que têm também vinhas em Bordeaux (Chateau Le Crock, Chateau Camensac e Chateau Léoville Poyferré). A Diamande de Los Andes é de propriedade da família francesa Bournier.
Os vinhedos das cinco vinícolas ficam entre 1000 a 1300 metros de altitude, (a de Michel é a mais alta). É impressionante. Caminhando pelos vinhedos, (divididos em cinco grande parcelas) percebe-se claramente a diferença de temperatura a cada 10 metros de escalada, rumo a imponente Cordilheira dos Andes. É uma aula de cultivar uvas em patamares, em altas altitudes que somente a viticultura argentina proporciona ao mundo.
Nos vinhedos desfilam a Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah, Cabernet Franc, Petit Verdot, Tannat e Pinot Noir. Das brancas pequena participação com a Sauvignon Blanc.
Degustacão:
Inicialmente fizemos uma degustação junto com dezenas de turistas. Foi interessante, pois geralmente nossas visitas são mais técnicas. Em uma mesa grande com cerca de 20 turistas degustamos:
01: Mariflores Sauvignon Blanc 2011
De cor branca, clara. Aromas de boa intensidade e intensidade média. Viscosidade média. Na boca de corpo médio, boa acidez, equilibrado, fresco. Persistência média. Bom vinho. 88 pontos.
02: Clos de Los Siete 2009
De cor violeta, opaco. No nariz aromas intensos de couro e de boa qualidade. Na boca taninos presentes que necessitam de mais alguns anos para serem domados. Boa presença de boca. Persistência longa. Bom vinho. 89 pontos. Na verdade, esperava mais deste vinho, devido a sua fama e a assinatura do famoso Michel Rolland. Desculpe-me a ousadia, Michel. Mas o mundo do vinho é assim. Talvez a explicação seja de que cada vinícola faz o seu vinho e depois é feito o corte com as cinco amostras. Não tenho informações suficientes para que esta observação seja conclusiva e verdadeira. Foi o que percebi e concluí.
03: Cuvalier de Los Andes 2008
De cor violeta, escuro. Grande viscosidade. Lágrimas rosáceas, mostrando muito extrato e grande corpo. No nariz ainda estava fechado, mas depois de cinco minutos ele explodiu. Na boca boa carga de taninos macios e maduros. Persistência longa. Excelente vinho. 90 pontos.
04: Val de Flores 2006 – 100% Malbec
Com a assinatura de Michel Rolland este vinho vem de parreiras de 60 anos. O vinhedo fica fora desta área de 850 hectares, comum aos sócios. Fica a 1 km da vinícola de Michel. Ele comprou posteriormente a introdução do projeto Clos de Los Siete.
Vinho de cor negra. Alta viscosidade, lágrimas vermelhas. No nariz alta intensidade aromática remetendo a chocolate amargo e especiarias. Na boca alta carga de taninos que dá vontade de mastigá-los. Persistência longa. Um vinho de meditação, tal sua complexidade. 93 Pontos.
A visita especial:
Depois da degustação turística a equipe do projeto WWA foi convidada para conhecer a “bodega “ de Michel Rolland. Foi uma surpresa. Não estávamos esperando, pois a visita já tinha terminado e já estava começando a anoitecer. Talvez esta deferência possa ser explicada, pois não agendamos a visita e entramos como turistas e quem sabe talvez a recepcionista de turismo tenha percebido a importância de nosso projeto.
Entramos então na vinícola do mais famoso “winemarker” do mundo: Michel Rolland para conhecer os seus mistérios.
A vinícola de Michel Rolland é simples. Sua edificação lembra uma caixa de sapato. Mas conforme palavras de Tierry Haborer, (enólogo francês assistente de Michel), a vinícola foi construída com equipamentos de alta tecnologia.
Uma diferença que notamos de grande importância é no recebimento das uvas. Elas são separadas bago por bago, manualmente por mulheres. Em seguida estes bagos são descarregados pelo transportador de correia em barris de madeira com capacidade de 225 litros, onde sobre cada camada de uvas é jogado gelo seco, objetivando a fixação dos aromas, antes de começar a micro-vinificação nestes mesmos barris.
Em uma deferência ao nosso projeto o enólogo Tierry realizou uma degustação espetacular de barril.
Degustamos:
01: Merlot 2011
Este Merlot esta há 18 meses em barrica de carvalho francês. Ainda não está pronto para beber, mas já mostra sinais de um grande vinho.
02: Cabernet Franc 2010
Um grande Cabernet Franc deverá surgir destas barricas, cuja vinho degustado já mostra muito vigor e ótima intensidade aromática. Apesar de novo está elegante.
Depois passamos para a degustação vertical, das safras de 2008 até 2011 do vinho Malbec – Val de Flores, internacionalmente conhecido e afamado. Degustar verticalmente o Val de Flores foi um aprendizado e de uma grande importância para o nosso projeto. Poucos turistas, críticos de vinhos tem esta oportunidade. É um momento mágico, especial de nossa viagem. É um momento de concentração para distinguir em cada barril, as principais características de cada safra e imaginar o potencial de evolução de cada vinho de safras diferentes. É uma caixa de apostas…
Safras
2011 – Grande carga de taninos que necessitam de anos para evoluir
2010 – Ainda não pronto para beber, mas já está uma maravilha. Taninos por serem domados.
2009 – Um gigante no nariz. Mais alguns anos será um vinho mágico.
2008 – Grande complexidade aromática e taninos densos. Pronto para beber.
Depois Tierry nos mostrou uma curiosidade. Dois vinhos de nome Camille (safra 2011) que estão sendo elaborados, nas mesmas condições climáticas, idênticas mini- vinificações, barris de mesmo tipo, mesmos rendimentos, etc, porém de uvas oriundas de duas situações de plantio diferentes: em pé-franco (sem enxertia) e com enxertia. Uma aula… Como os vinhos se apresentaram de forma diferente: O vinho oriundo de mudas enxertadas se mostrou muito mais fechado, mais rude. O de pé-franco (sem enxertia) mais potencial de guarda, mais extrato, aromas mais explosivos e de qualidade superior. Depois virá a alquimia, mesclando os dois. Isto é fazer coisas diferentes. É a magia do corte.
Outra brincadeira de Tierry:ele apresentou dois barris co-fermentado de Syrah e Malbec. Em vinhos de alta gama a co-fermentaçao é rara, (co-fermentado: significa que as duas uvas são vinificadas juntas). Veja a dificuldade e a responsabilidade do enólogo. Ter as duas castas de tempo de maturação diferentes e conseguir vinificá-las em conjunto.
Um entardecer inesquecivel para a equipe do projeto WWA…