Visitar a Catena Zapata é sonho de todo enófilo, enólogo, crítico de vinho, ou qualquer turista aficionado pela mágica bebida.
A entrada da equipe projeto WWA entre os vinhedos perfilados dos dois lados do caminho foi de um silêncio tibetano. Atravessamos os vinhedos e eis que surge a edificação faraônica ou melhor: edificação Maia. Uma obra no estilo da arquitetura deste povo antigo e mais avançado da América do Sul. Uma obra de quatro gerações da família Catena, iniciada pelo bisavô, Nicolás Catena, que chegou da Itália em 1898, fugindo da fome instalada na Europa. Um obra copiada da pirâmide Tikal, na Guatemala. Tikal foi um dos maiores centros populacionais e culturais da civilização maia construído 850 d.C. Depois desta data nenhum grande monumento foi construído; exceto está cópia da familia Catena. A escolha desta linha por Nicolás foi de mostrar a cultura da América do Sul e de que o “marketing”, a arquitetura, a magnitude é importante no mundo do vinho, sacolejando assim os empresários argentinos e despertando-os para a realidade do mercado internacional.
Nicolás encontrou em Mendoza a terra prometida e plantou em 1902 suas primeiras parreiras de Malbec. Ele acreditava que esta casta utilizada somente para vinhos em “assemblage” em Bordeaux, na Argentina cantaria “solo” aos pés dos Andes. Nascia assim a saga da família Catena que revolucionou a viticultura rude argentina passando a ser destaque em nível internacional após seu retorno dos Estados Unidos onde foi professor na Universidade de Berkeley.
Nicolás junto a sua esposa costumava passar finais de semana em Napa Valley e de lá trouxe o seu sonho e arriscou plantando Chardonnay e Malbec em Gualtallary, a uma altura de quase 1500 metros acima do mar. Naquela época foi fortemente contestado e em uma frase definiu: “Pensei que a única forma de dar um grande salto qualitativo, era arriscar-se a sobrepassar os limites do cultivo da videira”.
Domingo Catena seguindo a garra e a determinação do seu pai estava convencido de que o Malbec argentino poderia competir de igual a igual com os melhores tintos de Bordeaux, porém existia uma duvida no ar. Será que o Malbec teria capacidade de envelhecimento?
Em 1989, ao falecer Seu Domingo, comprovou que seu pai estava no caminho certo elaborando em 1994 o vinho Catena Malbec. Em seguida veio o primeiro Catena Alta Chardonnay, elaborado com uvas do lote 4 do vinhedo Domingo, localizado na região fria de Tupungato. Ao ano seguinte, em 1996, um hectare, correspondente ao lote 18 do vinhedo Angélica, (filha de Nicolás) surgiu o primeiro Catena Alta Malbec.
E da colheita 1997 surgiu o blend 95% de Cabernet Sauvignon e 5% de Malbec, denominado Nicolás Catena Zapata, que em degustações a cegas realizadas nos Estados Unidos e na Europa, ficou ora em primeiro lugar, ora em segundo, contra gigantes franceses Chateau Latour, Chateau Haut Brion, o italiano Solaia e o famoso americano Opus One.
Seus vinhos sempre recebem altas pontuações pelos principais críticos e revistas internacionais: por exemplo: o Catena Zapata Nicasia – 2007 recebeu 96 pontos pela Wine Spectator. O Adriana 95 pontos.
Entramos no templo: Logo no hall principal, de forma circular, ficamos paralisados observando as escadarias de pedra, a arquitetura Maia, em um jogo de luz elegante que engrandecia os blocos de pedra. Das janelas de várias salas de degustações, adornadas com móveis luxuosos, sobre o piso de mármore travertino de San Juan tem-se uma visão panorâmica dos vinhedos que circulam o templo.
Após subir toda a escadaria uma vista maravilhosa. Um lugar mágico. Um lugar para meditar e esperar a tarde passar. Um lugar onde vinhos mágicos são elaborados de vários vinhedos: Adriana – Tunpugato a 1500 metros de altitude, dos vinhedos de Nicácia – La Consulta a 1180 metros, vinhedos Domingo a 1130 m e Angélica Zapata – Lulunda a 850 m. É uma alquimia de vinhos de altitude com acompanhamento do enólogo Alejandro Vigil.
Degustação:
01: Catena Alta Chardonnay 2010
De cor amarela, forte. Grande viscosidade. Aromas intensos de abacaxi maduro e de alta qualidade. Na boca bom ataque, grande corpo que enche a boa em uma acidez bem comportada. Persistência longa. Um grande Chardonnay. Entre os melhores da Argentina. Este vinho foi 100% fermentado em barricas de 225 litros, de castas oriundas de vinhedos a 1135 metros. Ele mostra todo seu frescor e complexidade de vinhos de altitude. Grande vinho. 90 pontos.
02: Catena Alta Cabernet Sauvignon 2009
De cor violeta passando por granada. Grande viscosidade, com lágrimas rosáceas, mostrando muito extrato. Passou 18 meses em barricas de carvalho e curiosamente é um “blend” de Cabernet Sauvignon de três vinhedos. Cada vinhedo aporta diferentes tipos de aromas, tornando-o complexo. Na boca taninos ainda por evoluir e mostra muito mais. Persistência longa. Excelente vinho. 91 pontos.
03: Catena Alta Malbec 2009
De cor mais intensa do que o anterior. Alta viscosidade e rosáceo. No nariz alta intensidade de fruta madura. Na boca é mastigável. Persistência longa. Excelente vinho: 94 pontos.