Argentina, país sul-americano com 33.875.000 habitantes e uma área de 2.766.890 km2, capital Buenos Aires, tem grande importância no cenário vinícola internacional, especialmente após o século XIX. É o quinto maior produtor e o quinto maior consumidor mundial de vinhos e o maior produtor de vinhos da América do Sul, com produção de 14,68 milhões de hectrolitros, (1,468 bilhões de litros) em 2008.

Em 2009 a Argentina produziu 1,39 bilhões de litros de vinhos.

Consumo interno de vinhos: A cada ano o consumo de vinhos no mercado interno da Argentina está caíndo. No ano 2000 era de 12,491 milhões de hectrolitros e em 2008 fechou a 10,342 milhões de hectrolitros. Entretanto, a Argentina tem um forte mercado interno e seu consumo per capita é elevado em termos mundiais, sexta posição no mundo.
Deve-se notar que no final da década de 1960 seu consumo interno era de 90 litros per capita, caindo para 76 litros em 1980, 70 litros em 1996 e em 2000 passou para 33,85, atingindo seu mais baixo nível de 26,70 litros por habitante/ano, em 2009.

Durante muito tempo, a quantidade superou a qualidade nos vinhedos argentinos que adotavam o cultivo de uvas de alto rendimento, mas de baixa qualidade como a Criola e a Cereza, além de sistema de plantação arcaico. A grande produção de vinhos inferiores inundou a mesa das famílias argentinas que não se importavam com a qualidade da sua bebida do dia-a-dia. Mas nas décadas mais recentes, a vitivinicultura argentina passou a cultivar em maior escala uvas de espécies européias nobres, adotou modernas técnicas de cultivo e vinificação e, conseqüentemente passou a produzir vinhos de boa qualidade.
O tinto fino tradicional, feito principalmente com a uva Malbec, era meio pesado, sem muita elegância. Hoje, a Malbec proporciona grandes vinhos, muitos chegando a ser excelentes e bastante diferenciados dos Malbecs franceses. Outra prova incontestável do potencial argentino é a instalação de conceituadas empresas da França, Espanha e dos Estados Unidos.
A Argentina está sendo reconhecida mundialmente como o país produtor dos Malbec, especialmente os de Luján de Cuyo são os mais refinados do mundo. Vinhos complexos, opulentos e delicados. Possuem uma intensidade, riqueza e equilíbrio que somente pode ser conseguida com uma vinificação notável e uma política de baixo rendimento nas vinhas.A uva Malbec e a aromática Torrontés encabeçam a lista seguida pela Syrah, Tempranillo, Merlot e as uvas italianas Sangiovese, Barbera e Bonarda.
Deve-se notar que em menos de 20 anos a Argentina revolucionou sua viticultura, melhorando consideravelmente a qualidade de seus vinhos. Atualmente cerca de 100 vinhos obtém pontuação acima de 90 pontos.
Suas exportações de vinhos estão crescendo vertiginosamente, ano a ano:
Em 2009, marcando um novo récorde histórico a Argentina exportou US$650 milhões, elevação de 17% sobre o ano anterior, (oitavo ano de crescimento consecutivo). O carro chefe é o vinho Malbec que caiu na graça nos Estados Unidos e no Brasil.

A vinícola Catena é a maior exportadora de vinhos da Argentina.

O mercado brasileiro para os Argentinos:
Em 2011 a Argentina assumiu a segunda posição em volume de vinhos exportado para o mercado brasileiro, 22,89% de “marketing share”, com 17,70 milhões de litros abaixo somente do Chile que exportou 26,70 milhões de litros para o Brasil.

Terroir da Argentina:
A Cordilheira dos Andes exerce uma influência decisiva em boa parte do território argentino e, principalmente, de suas zonas vitivinícolas. Este cordão montanhoso faz com que as massas de ar úmido vindas do Oceano Pacífico descarreguem sua umidade sobre o território chileno e, no caso específico da Argentina o ar é quente e seco. Situados entre as latitudes de 22 e 42 sul, os vinhedos da Argentina estão dentro da região considerada ideal para o cultivo de uvas viníferas. De uma forma geral, o clima é quase desértico, sendo a irrigação das parreiras com água proveniente do degelo das neves da Cordilheira dos Andes um grande trunfo para a obtenção de uvas perfeitas.
A Argentina abrange um panorama fabuloso de terreno e clima, que vai desde a fronteira com o Brasil e suas florestas subtropicais às terras congeladas da Patagônia e da Tierra del Fuego. A Argentina vinícola é também um exemplo fascinante de viticultura, possuindo os elementos que os “winemakers” de outras partes do mundo gostariam muito de ter: dias mornos de verão com noites frescas, umidade baixa e solos bem-drenados que são inóspitos a filoxera e às outras doenças.
A grande maioria dos vinhedos fica situada no canto noroeste do país, predominantemente na província de Mendoza, nas encostas orientais dos Andes, com precipitação anual escassa. Ao mesmo tempo os rios dos Andes, fornecem a abundância da água da irrigação. A influência climática atlântica traz pouca chuva no verão, e algumas áreas são sujeitas às geadas adiantadas e atrasadas. E a cordilheira dos Andes influencia o clima das zonas vinícolas da Argentina de forma decisiva, onde as massas de ar úmido proveniente do oceano Pacífico são contidas pelos Andes, descarregando nele a maioria da umidade, que se transforma em neve. Uma pequena parte cai no Chile, sob a forma de chuvas. Apenas uma ínfima corrente de ar supera a barreira da cordilheira e penetra na Argentina, mas já seca e quente. Já as massas de ar úmido vindo do Atlântico chegam esporadicamente aos pés da região andina, precipitando-se geralmente próximo do litoral.Esta peculiaridade é única no mundo, em contraste ao resto do mundo com média de altura em torno de 900 metros.
Regiões vinícolas da Argentina:
As regiões vinícolas da Argentina são divididas em três grupos: norte, centro e sul:
•Norte:Salta, Catamarca e La Rioja
•Centro:Mendoza e San Juan
•Sul:Neuquén e Rio Negro
A grande maioria das vinícolas argentinas se encontra no Estado de Mendonza, (mais de 80% da produção do país), próximo às montanhas andinas, divisa com o Chile, na mesma altura de Santiago, coração da viticultura argentina que produz 75% dos vinhos. A segunda região mais importante é San Juan ao norte de Mendoza, com um quarto da produção.A terceira, mais ao norte La Rioja, Catamarca e Salta. Apesar da produção ser mais baixa em Salta e na Patagônia, a importância destas áreas na indústria de vinhos da Argentina é na tipicidade de seus vinhos, diferentes das outras regiões.

A superficíe de vinhedos plantados na Argentina é de 217.960 hectares, cultivados por aproximadamente 1350 vinicolas.

A Malbec é a casta mais plantada na Argentina com 20471 hectares seguido pela Bonarda com 17973 e Cabernet Sauvignon com 16758.

Clima da Argentina:
O clima combinado à topografia de numerosos vales andinos e altitudes variáveis entre 500 a 1500 metros, resulta em diferentes ecossistemas que permitem o cultivo de praticamente todas as variedades de uvas.
As zonas aptas para o cultivo das videiras se estendem ao longo da pré-Cordilheira dos Andes, preferencialmente nas partes altas. As videiras se desenvolvem em clima semi-árido, com estação invernal seca, temperado ou temperado frio, com chuvas que não passam dos 250 mm anuais e onde a irrigação é, portanto, indispensável.
Todos os vinhedos argentinos estão localizados em zonas secas, com um baixo regime de chuvas e uma baixa umidade, por isto se faz necessária uma complexa rede de canais, que distribuem a água proveniente dos degelos da Cordilheira. Dois fatores marcam de forma determinante os vinhedos argentinos: a abundância de sol – alta intensidade de luz solar que é fator indutor da fotossíntese, amadurecimento dos fenóis, cor, sabor e taninos maduros e suaves, que proporcionaram vinhos macios e com bom extrato. Esses fatores constituem uma condição excepcional para a qualidade e o estado sanitário das uvas, evitando o surgimento de doenças.
Dias ensolarados abundantes e uma ampla amplitude térmica permitem uma maturidade boa e concentração de aroma e cores. As terras são fundas, permeáveis e pobres em matéria orgânica, qualidades decisivas na hora de se obter vinho bom. Na maioria das regiões vinícolas da Argentina, exceto na Patagônia a uva atinge facilmente o ótimo grau de maturação; sendo às vezes até necessário retardar a maturação, através de irrigação por gotejamento, para tentar extrair mais sabor de cada pé.
Indubitavelmente, a combinação destes fatores torna a Argentina em um oásis para a fabricação do vinho de alta qualidade. Mas, nem tudo são flores na Argentina. As condições climáticas não são perfeitas e o clima não é tão previsível assim.
As geadas de verão, que podem ter pedras tão grandes quanto bolas de golfe e são o único risco climático real aos vinhedos. Pode causar perdas desastrosas danificando a colheita das uvas ou das gemas de crescimento para o ano seguinte. Proteger as videiras com uma tela é extremamente caro, mas é a única defesa dos produtores.
Nas regiões de menor altitude e latitude, como parte de San Juan, La Rioja e o leste de San Rafael, o verão pode surgir extremamente cálido. Por outro lado nas regiões de altitude mais baixa apesar do frio que permite boa dormência das plantas, podem-se ocorrer fortes geadas na primavera. Além o índice pluviométrico é extremamente baixo, tendo como vantagem a concentração de chuvas na estação do crescimento.
Em Mendoza pode ocorrer chuvas de granizo, chegando a arrasar muitos vinhedos, mais constante a leste de San Rafael entre os rios Diamente e Atuel. Muitas vinícolas chegam a instalar telas protetoras. Outro grande perigo é o zonda, vento quente e seco, terrível que pode chegar na época da floração das videiras. Outro fator negativo é o calor excessivo que pode levar a um teor alcoólico elevado nos vinhos brancos, perdendo seu frescor, mas por outro lado este calor permite aos tintos taninos de excelente suavidade.
Solos da Argentina:
Os solos são profundos, soltos e permeáveis, pobres em matéria orgânica, nitrogênio total e fósforo, de reação alcalina, ricos em cálcio e potássio. Os solos argentinos variam ao longo do comprimento dos Andes e variam de arenoso à argila, mas são predominantemente argilosos. A maioria é de solo alcalino rico em cálcio e potássio, mas pobres em material orgânico. Os valores de PH usuais pairam ao redor oito. Aqueles na província de Mendoza tendem a ser mais cheios de pedra e aluviais. De modo geral os solos são aluviais e jovens com alta proporção de areia.Portanto a intensidade do sabor dos grandes vinhos argentinos não vem do sub-solo mas sim da intensa luminosidade, do ar seco e da grande amplitude térmica dia-noite, de 200C, superior a quase todas outras regiões do mundo.







